Uso de suplementos alimentares requer orientação médica

Data de Postagem: 03/06/2013

Consumidos sem acompanhamento, suplementos podem causar sobrecarga no fígado e rins

 

A eterna busca por um corpo perfeito tem aumentado a procura pelos suplementos alimentares. Na cidade de São Paulo, em 2003, uma pesquisa mostrou que 23,9% dos frequentadores de academia consumiam algum tipo de suplemento, dos quais 77% eram do sexo masculino.   Os suplementos alimentares são indicados para suprir carências nutricionais, além de prevenir e tratar doenças. Também são procurados por quem faz atividades físicas para melhorar o desempenho e auxiliar no ganho de massa muscular. No entanto, são vendidos sem receita médica e seu uso indiscriminado pode trazer malefícios à saúde.   Segundo a endocrinologista e professora da Faculdade de Medicina do ABC Maria Angela Zaccarelli Marino, o uso de suplementos deve ser indicado por um médico ou nutricionista. “Na medicina acadêmica, só existe suplementação quando a pessoa realmente necessita. Não é só porque ela faz atividade física é que vai precisar suplementar com algo se for uma pessoa saudável”, afirma.   Apesar de não ter nenhuma deficiência nutricional, o associado Lucas Machado, 17 anos, toma suplementos há um mês, porém com orientação profissional. “Faço academia há 2 anos e meio e já tenho uma alimentação equilibrada. Porém, queria aumentar a massa muscular. Procurei uma nutricionista, que me orientou a tomar os suplementos corretamente para atingir o corpo que eu queria”, diz.   Lucas passou a tomar Whey Protein, albumina e um suplemento manipulado em farmácia. “Faz pouco tempo e não dá para notar resultados tão rápidos, mas já ganhei cerca de dois quilos de massa magra, sendo que desde o início do ano eu não engordava”, conta.   Perigos do uso sem prescrição   Para a nutricionista da Equilibrium Consultoria Tereza Cibella, esses produtos não devem ser usados somente por vontade de acelerar o processo de ganho muscular e definição.   “Deve haver a necessidade de suplementar. O maior erro dos usuários de academia é tomar sem seguir uma alimentação adequada, dessa forma o uso de suplementos como os hipercalóricos ou os de base de proteínas farão com que tenha uma ingestão muito maior de calorias, o que acaba sendo revertido em gordura corporal. Quando há o uso desmedido, também pode ocorrer inchaço devido à retenção de líquidos, aumento da produção de gases intestinais e aparecimento de acne”, esclarece.   Infelizmente, o uso por conta própria é comum e pode acarretar em uma sobrecarga de nutrientes. “Existem exames que são importantes para checar se pessoa está bem ou não. Suponhamos que ela tenha algum problema de fígado ou rim. Nesses casos, é contraindicado tomar proteína, pois vai piorar o estado hepático ou renal”, orienta a endocrinologista da FMABC.   De acordo com a médica, também existe o risco de o suplemento conter anabolizantes. “Muitas vezes, as pessoas compram em locais que não têm um responsável técnico e nem sabem o que estão tomando. Podem ter hormônios ali dentro, totalmente contraindicados em pessoas saudáveis”, alerta Maria Angela.   Entre os problemas de tomar anabolizantes com o intuito de esculpir o corpo, estão desde acne e hipertensão até infertilidade, doenças cardíacas e câncer.   “Quando o aluno comenta que deseja tomar os suplementos, nunca indicamos nada, apenas orientamos a procurar um médico ou nutricionista. Infelizmente, não temos no Brasil um órgão que fiscalize com rigor estes produtos”, completa o professor da Academia de Musculação do clube Wilson Duraes dos Santos.   Bons resultados de forma natural   Segundo a endocrinologista, é possível conquistar saúde e um corpo perfeito apenas com alimentação e exercícios, sem precisar recorrer aos suplementos.   “A natureza já contém o que precisamos, então se você orientar um atleta e verificar que ele precisa de carboidratos, ele poderá encontrar em tubérculos, cereais e frutas. Se precisa de mais proteínas, pode comer carnes magras, clara do ovo, leite e queijos. Também é preciso ingerir gorduras boas, como os azeites, nozes e avelãs, além de vitaminas provenientes de frutas, legumes e verduras. E também precisamos de água para limpar nosso organismo e ter a função renal em dia”, explica.   O sócio Alan Phillip Littell, 19 anos, faz musculação há mais de três anos e, durante um ano, usou suplementos alimentares sem acompanhamento. Resolveu parar há seis meses e, hoje, mantém o corpo desejado apenas com exercícios e alimentação balanceada.   “Enquanto tomava, meu corpo cresceu, mas também engordei. Resolvi parar porque chega uma hora em que você percebe que é exagero essa mania de querer sempre mais e mais. Desde então, mudei a alimentação e passei a comer de forma correta. Está valendo mais a pena, inclusive acho que dei uma definida sem perder massa muscular”, acredita.   Conheça os principais suplementos alimentares:   BCCA (aminoácidos de cadeia ramificada): melhora o equilíbrio proteico e diminui dor muscular após exercício; previne ou retarda a fadiga muscular.   Maltodextrina: fornece energia imediata, possibilita a queima de gordura e recupera o estoque de energia do músculo.   Albumina: proteína da clara do ovo, de alto valor biológico. É utilizada no ganho de massa.   Whey Protein: é um mix composto, que contém a proteína do soro do leite, maltodextrina, vitaminas, minerais e outros aminoácidos.   É utilizado no ganho de massa magra.   Creatina mono-hidratada: é uma substância usada pelo tecido muscular para a produção de fosfocreatina, um fator muito importante na formação de adenosina trifosfato (ATP), a fonte de energia para a contração muscular. Aumenta a massa magra.   Hipercalóricos: são misturas de carboidratos de alto índice glicêmico, proteínas vitaminas e minerais. Usado para aumentar a massa muscular ou repor o aporte calórico.   Fonte: Equilibrium Consultoria   Dicas para identificar suplementos não regularizados no Brasil   - Promessas milagrosas e de ação rápida, como “Perca 5 kg em 1 semana!”;   - Produtos rotulados exclusivamente em língua estrangeira;   - Uso de fotos de pessoas hipermusculosas ou que façam alusão à perda de peso;   - Comercialização em sites sem identificação da empresa fabricante, endereço, CNPJ ou serviço de atendimento ao consumidor.   Fonte: Anvisa