Depois de "Muitas Vidas: Contos e Histórias", lançado em 2012, o grupo de alguns integrantes dos grupos da Terceira Idade lança neste semestre o seu segundo livro: "Na casa da Vó". A obra reúne contos de 18 autores que narram histórias sobre memórias e causos ligados à figura terna dos avós. Todos são integrantes dos núcleos de convivência do clube.

Até ser lançado, o projeto levou dois anos para ser realizado. "Da ideia original até o livro ficar pronto, foram muitas reuniões para montar o livro num processo coletivo", explica Irani Rodrigues Lourenço Cruz, coordenadora dos núcleos de convivência. Dos 18 autores, dez haviam participado do projeto de "Muitas Vidas" e oito estão estreando como escritores.

"Os autores fazem um passeio ao passado, mostram as boas recordações de suas infâncias e trazem para o presente uma realidade que não se vê mais. É o registro de uma época. A ideia é que o leitor mate um pouco a saudade da casa de sua avó", afirma Irani.

Segundo Célia Saurin, Assessora da Terceira Idade, a escolha do título aconteceu porque todos têm uma lembrança boa da casa dos avós. "Trata-se de um lugar aconchegante, onde podemos fazer quase tudo que na nossa casa não podemos fazer", explica.

A secretária aposentada Alessandra Liefquin contribuiu com o livro "Muitas Vidas" e também participa do novo projeto. Agora, ela conta as peripécias do menino Luizinho e seus vários animais de estimação no quintal de casa. Na verdade, é uma história que aconteceu com o filho de Alessandra, pai dos dois netos da aposentada, de 2 e 14 anos, a quem ela dedica o conto.

"É uma sensação muito boa participar do projeto, pois nos sentimos importantes e empoderadas. Sabíamos que éramos capazes de nos expressar, só não sabíamos como. Deu tão certo que nos animamos a investir no segundo livro. É uma forma de nos eternizarmos", conta.

Para ela, a maior dificuldade foi superar a falta de Maria Elena Cabrini Libório, falecida em fevereiro de 2014, grande incentivadora de "Muitas Vidas" e coordenadora editorial do projeto . "Tivemos que caminhar com as nossas próprias pernas, sem o suporte de nossa querida mentora Maria Elena. Em cada reunião ela nos explicava como redigir e trabalhar a nossa imaginação, anotando no papel ideias que surgiam. Quando o encontro terminava, tudo parecia mais fácil", relembra.

A professora e engenheira química aposentada Idalina Pereira Bigalli também participou dos dois projetos. Em "Na casa da Vó", ela participa com três contos: um com memórias sobre o avô, outro a respeito da avó de uma amiga na infância e, o último, uma história imaginária.

"É agradável e proveitoso recordar a vida passada em terras distantes e de outras épocas, e contar fatos que permanecem nas profundezas da memória. É como sonhar com esse passado, acariciá-lo, e poder expô-lo a público como aconteceu, ou até como gostaria que tivesse acontecido", explica.

Para ela, o mais importante foi trazer a lembrança do avô em sua infância. "São memórias doces e que fazem bem porque tornam a gente mais humana", acredita.

O livro será lançado pela editora Lamparina Luminosa em um coquetel no clube. O prefácio é assinado pelo jornalista e historiador Ademir Medici.