Atleta da Associação dos Funcionários Públicos de São Bernardo do Campo desde março, Luis Carlos Cardoso foi eleito o melhor atleta paralímpico do ano. O público votou no site do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e elegeu o canoísta com 48,14% dos votos. Ele foi indicado ao prêmio depois de conquistar duas medalhas de ouro no Campeonato Mundial de Canoagem, realizado em Milão, na Itália, em agosto. O feito é inédito na história da paracanoagem brasileira: ele é o único atleta a ganhar o título mundial em duas modalidades diferentes, na canoa e no caiaque.
"Por tudo que vivi em 2015, o prêmio é de grande importância. Passei da canoa para o caiaque para poder disputar os Jogos do Rio-2016 e levei a medalha. Fico mais feliz por ter concorrido com atletas de todo o Brasil que ganharam muita coisa também. E como fui o primeiro canoísta a ser indicado nesta disputa, vencê-la foi uma honra muito grande", afirmou o atleta em premiação realizada ontem (09/12), no Rio de Janeiro. Além dele, concorreram ao prêmio o nadador Daniel Dias e o velocista Felipe Gomes.
Luis Carlos também levou para casa o prêmio de Melhor Atleta da Paracanoagem, concedido pela comissão técnica do CPB. Luis vem uma ótima campanha: em dois anos, ganhou quatro mundiais. Em Milão, garantiu o bicampeonato mundial na canoa e conquistou pela primeira vez o ouro no caiaque. Em 2014, no Rio, foi o melhor do mundo do Campeonato de Va`a (canoa). Ele também é o atual campeão brasileiro no caiaque.
O foco agora é treinar para ser o atleta que representará o país nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 na vaga já garantida para o Brasil. Somente o caiaque integra o leque de modalidades olímpicas - por conta disso, Luis, que sempre remou na canoa, passou a treinar também no caiaque há apenas oito meses e já acumula bons resultados.
"Isso mostra que o trabalho que venho construindo com meu treinador Ákos Angyal está dando certo. É muita dedicação e estudo, dentro e fora d`água, para que eu possa evoluir sempre. Ser campeão mundial em duas modalidades, algo inédito na paracanoagem brasileira, só me dá mais motivação para acreditar e lutar. Só tenho a agradecer por quem está torcendo, apoiando e trabalhando pela nossa equipe", afirma ele, que treina na Sede Náutica da Associação, na Represa Billings, em São Bernardo. Desde março, ele representa o clube nas competições nacionais.
Natural de Picos, no Piauí, e morador de São Bernardo há mais de dez anos, Luis Carlos Cardoso tem 30 anos e é atleta da paracanoagem desde 2011. Aos 25 anos, quando era coreógrafo e dançarino da banda do cantor Frank Aguiar, contraiu um parasita que se alojou em sua medula, deixando-o paraplégico.
"A paracanoagem foi a resposta que Deus me deu a todas as minhas indagações quando ainda estava internado, sem saber o que poderia fazer da vida. Meu principal instrumento de trabalho eram as pernas, mas como exercer minha profissão amada sendo que tinha perdido os movimentos do abdômen para baixo?", conta ele, que mora em São Bernardo.
Durante a sua reabilitação, fisioterapeutas que o acompanhavam apresentaram a Luis à paracanoagem. "Comecei a frequentar os treinos na Represa Billings e de cara me apaixonei pelo esporte, pela liberdade e pelo contato com a natureza. A princípio, fui por conta da minha reabilitação, porém, vendo que poderia ir mais longe, comecei a investir toda minha força e garra", disse. Para surpresa de todos, em alguns meses de treino já conquistou vice-campeonato brasileiro na canoa VL1 200m e o bronze no caiaque KL1 200m, garantindo uma vaga ao Pan-Americano.
